Vaca em ação com a camisa da Amax na temporada 2015. Foto/Francisco Dandão

Vaca – Ambidestro, polivalente e com um título de campeão nacional no currículo

Francisco Dandão

Pelo nome que consta na Carteira de Identidade, Ducivan Barrozo Archanjo, provavelmente poucos o conhecem no mundo do futebol. Se alguém se referir ao Vaca, porém, aí todos sabem que se trata de um jogador polivalente, que fez carreira nos times do interior do Acre e que até foi campeão da Série B boliviana em 2014, jogando pelo Universidad de Pando.

Nascido em Tarauacá, no dia 3 de julho de 1983, Ducivan se mudou para Epitaciolândia ainda criança. E foi logo nas primeiras peladas, na escolinha de um professor chamado Alcides, que ele foi apelidado de Vaca. “Eu disputava cada bola com uma vontade acima da média. Aí alguém disse que eu parecia uma vaca braba. E então o apelido pegou”, explicou Ducivan.

Jogando preferencialmente de meia-atacante, mas capaz de cobrir qualquer setor do campo, até como goleiro, Vaca vestiu profissionalmente, de 2009 a 2016, as camisas de quatro equipes: Alto Acre (Epitaciolândia), Amax (Xapuri), Universidad de Pando (Cobija) e Holanda-AM. No futebol amador, porém ele disse que já perdeu as contas dos times que defendeu.

“Eu comecei no Alto Acre, onde me apresentei para treinar por iniciativa própria. Os donos das camisas na minha posição preferida eram o Elenilson e o Luizinho. Meu primeiro jogo foi contra o Andirá e eu comecei no banco. Mas entrei no decorrer do jogo e mandei bem, contribuindo para a nossa vitória por 3 a 1. Daí não saí mais do time titular”, contou o Vaca.

O atacante Vaca em ação com a camisa do Alto Acre durante Torneio Início de 2013. Foto/Manoel Façanha.
Alto Acre – 2013. Em pé, da esquerda para a direita: Thiago, Márcio Jandrei, Doda, Layo e Vaca. Agachados: Bolão, Mauro, Tinga, Bil e Devan. Foto/Manoel Façanha.

Sem prazo indefinido para largar a bola de vez

Aos 37 anos, ganhando a vida como trabalhador autônomo, depois de tentar uma vaga na Câmara Municipal de Epitaciolândia (ele ficou na segunda suplência), Ducivan/Vaca sabe que dificilmente ainda atuará por uma equipe de futebol profissional. Mas afirmou que continua jogando pelos times amadores da sua cidade. “Vou jogar enquanto aguentar”, disse ele.

Dos anos como profissional de futebol, Vaca afirmou que não ganhou muito dinheiro. Mas garantiu que se pudesse escolher, faria tudo de novo, por conta das amizades que conquistou no meio esportivo. “Infelizmente, o futebol regional é pouquíssimo valorizado. Por isso não consegui adquirir bens como profissional. Mas as amizades não tem preço”, afirmou Vaca.

Universidad de Pando – 2014. Em pé, da esquerda para a direita: Pablo, Lelão, Leon, Rid, Eduardo, Barba e Mucia. Agachados: Nico, Chaco, Talan, Gatty e Vaca. Foto/Acervo Ducivan Archanjo.
Amax – 2015. Em pé, da esquerda para a direita: Adriano (treinador de goleiros), Thiago, Neto, Pé de Ferro, Rubens, Vagner e Papelim (técnico). Agachados: Layo, Gato, Kézio, Éder, Luiz Henrique e Vaca. Foto/Francisco Dandão.

Entre os maiores amigos e parceiros que ele fez dentro de campo, Vaca citou Eduardo Silva e Rafael Maffi. “Com esses dois caras, eu me entendia só de olhar”, contou o meia-atacante. E no que diz respeito ao convívio com pessoas fora das quatro linhas, o personagem se referiu com muito carinho ao dirigente Erivaldo Silva. “Um cara de respeito e palavra”, garantiu ele.

Vaca (à direita) vestindo a camisa do Holanda-AM, em jogo contra o Peñarol, em 2015. Foto/Acervo Ducivan Archanjo.

Quanto a uma seleção de jogadores do seu tempo de futebol profissional, o personagem escalou o seguinte time: Máximo; Ley, Pé de Ferro, Eduardo e Ananias; Ismael, Anjo, Testinha e Ciel; Marcello Brás e Juliano César. Reservas: Vaca, Adevan, Elenilson, Thiago e Mauro. “Esse grupo, devidamente treinado, daria trabalho a muita gente boa”, disse Vaca.

Alto Acre – 2016. Em pé, da esquerda para a direita: João Carlos Passos (dirigente), Jô, Marinho, Bil, Eduardo e Jonathan. Agachados: Elenilson, Mauro Vaca, Alexandre, Pelado e Tal. Foto/Manoel Façanha.

Momentos inesquecíveis e projetos

Vaca elegeu dois momentos como inesquecíveis na sua trajetória de jogador profissional de futebol. Em ambos, ele defendia as cores do Alto Acre: um bom e outro ruim. O momento bom, de acordo com as palavras dele, foi numa goleada de 7 a 1 contra o Náuas, de Cruzeiro do Sul. E o momento ruim foi numa derrota por 1 a 0 para o fortíssimo Atlético Acreano.

“No jogo contra o Náuas, eu marquei um daqueles chamados golaços. O nosso time jogou demais. Foi uma verdadeira aula de bola que nós demos naquele dia. Já contra o Atlético, esse eu confesso que foi a maior vergonha que eu passei em campo. Isso porque eu perdi dois gols feitos quando o jogo ainda estava zero a zero. No fim das contas, eles ganharam”, falou Vaca.

São Cristóvão (Epitaciolândia) – 2018. Em pé, da esquerda para a direita: Rafael, Cleber, Thiago, Gegê, Vaca, Liliu, Delione e Didio. Agachados: Edivan, Davi (mascote), Eduardo, Mauro, Osso, Macaxeira e Renan. Foto/Acervo Ducivan Archanjo.

No que diz respeito a uma comparação entre o futebol acreano do passado e do presente, Vaca não quis entrar no mérito da qualidade técnica dos jogadores. Mas não se omitiu de dizer que nos dias atuais a estrutura é muito melhor do que antigamente. E que qualquer jovem que esteja começando hoje pode chegar longe, desde que tenha muita força de vontade.

Por último, Vaca fez questão de falar sobre os seus projetos para o futuro imediato. “Eu tenho planos para contribuir com aqueles que acreditam e querem crescer no meio do futebol. Pela minha rodagem, eu considero ter adquirido uma boa experiência nessa área. Assim que tiver oportunidade, pretendo repassar tudo isso, principalmente para os jovens”, concluiu.

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