Valdir Silva e Augusto

Conforme eu disse numa crônica anterior, durante quatro dias do mês de maio flanei pelas agradáveis e simpáticas avenidas da sempre bela capital amazonense. E, como não poderia deixar de ser, tive a oportunidade de me encontrar com dois craques do glorioso passado do futebol acreano.

Os dois craques, no caso, que desfilaram sua arte no gramado nem sempre assim tão bem tratado do antigo Estádio José de Melo, respondem pelos nomes de Valdir Silva e Augusto. O primeiro, com a camisa do Independência. Já o segundo, com as cores do Independência e do Atlético.

Gravei com os dois, com fins de publicar o perfil de cada um deles na próxima edição de Futebol Acreano em Revista, gibi de iniciativa da Federação de Futebol do Acre que circula todos os finais de ano. Dois depoimentos de quem viveu os áureos tempos do amadorismo no Acre.

O interessante, já que falei em “tempos do amadorismo no Acre”, é que alguns jogadores ganhavam muito mais naquele regime do que no atual profissionalismo. Se não fosse assim, os caras não topariam se transferir dos seus estados de origem para um lugar onde teriam menor visibilidade.

Todos os jogadores que vinham de outros estados para o Acre, principalmente o pessoal que migrou na década de 1970, ganhavam melhor no futebol seringueiro do que nos lugares onde jogavam anteriormente. E ainda tinham o direito a alojamento e refeições diárias totalmente grátis.

Para que isso fosse possível, os clubes reuniam uma turma de abnegados e colocavam na conta de cada um deles um ou mais jogadores. O Valdir Silva, por exemplo, contou que o seu pagamento era de responsabilidade de um diretor chamado José Esteves. E ele jamais falhou.

Quanto ao almoço, Valdir e Augusto afirmaram que isso, no tocante a eles dois, ficava a cargo do diretor José de Moura, tricolor de quatro costados, que morava no bairro da Base. “Nós éramos como pessoas da família, como se fôssemos filhos do Seu Moura”, contaram os ex-craques.

Outros personagens lembrados com carinho nas falas do Valdir e do Augusto foram o técnico Walter Félix de Souza, o Té, e o diretor Hélio Pereira do Amaral. “O velho Té”, afirmou Augusto, “entendia de futebol como poucos”. E o Hélio Amaral, disse Valdir, “era um grande parceiro”.

Foi isso. Quer dizer, foi bem mais do que isso. Gastamos a manhã de uma quarta-feira ensolarada, daquelas que só Manaus pode ter, em boas doses de reminiscências, devidamente protegidos pelo ar-condicionado do hotel onde eu estava hospedado. Valdir Silva e Augusto, grandes criaturas!