Vento lá e cá

A sabedoria popular costuma dizer que “o vento que venta lá, venta cá”. Fiquei refletindo sobre isso logo que eu soube da goleada de oito a um sofrida pelo Plácido de Castro, domingo, no seu jogo de despedida da série D de 2018, contra o amapaense Santos. Oito a um, pensei, é placar de futsal.

O ditado popular me ocorreu porque esse mesmo Plácido de Castro, em 2011, sapecou uma goleada ainda maior no mato-grossense Vila Aurora: nove a um. Se naquela oportunidade o Plácido foi impiedoso como seu adversário, agora quem saiu de campo cabisbaixo foi o time acreano.

Nas redes sociais a discussão sobre esse incidente de percurso na vida do Plácido de Castro foi acalorada. Uns no ataque, outros na defesa e uns quantos “muito pelo contrário”. As redes sociais formam um território meio que de todos e de ninguém. E, sendo assim, sai todo tipo de grosseria.

Na minha opinião, o Plácido não deve se abater pela goleada sofrida. O que o clube da fronteira deve fazer é absorver a pancada como lição para que os eventuais erros cometidos não se repitam. Inclusive porque a maioria só comenta a partir do resultado, sem saber o que concorreu para isso.

Veja-se, a exemplo de não saber o que aconteceu, que a escalação do time nessa goleada foi bem diferente daquela que vinha sendo usada ao longo da competição. Eu ouvi dizer que os antigos titulares pediram para não viajar. Mas também ouvi dizer que eles foram dispensados. E aí, foi isso ou aquilo?

Se os caras pediram para não ir ao Amapá, tomaram uma atitude pouco (ou nada) profissional. Abandonaram o barco num momento inoportuno. Perderam a chance de se despedir com honra. Mas se a diretoria os dispensou, talvez por economia, esta é que assumiu o risco do vexame.

De qualquer forma, tendo sido isso ou aquilo, essa pancada já pode ser considerada para trásna vida do Plácido, clube que, apesar das dificuldades, não abandona a sua luta no esporte regional. Ano que vem tem mais, assim como as águas do igarapé Rapirrã continuarão fluindo para o rio Abunã.

Por outro lado, apesar dessa goleada sofrida pelo Plácido, não se pode dizer que foi um fim de semana negativo para o futebol acreano. Muito ao contrário disso. O Rio Branco passou bem pelo Macapá e se manteve vivo na disputa da série D. E o Atlético virou líder do seu grupo na série C.

Então é isso. Enquanto alguns fincam raízes, outros criam asas. A vida, assim como a bola, não pode parar e o tempo é uma formidável e avassaladora máquina de tecer memórias. Cada jogo é uma estação: o futebol é o trem e o torcedor é o passageiro que passa de uma a outra emoção. Yes!