Assistente de arbitragem Verônica Severino em ação durante partida do Campeonato Acreano — Foto: Arquivo pessoal/Manoel Façanha

Verônica Severino – Currículo impecável em sete anos atuando como assistente de arbitragem

Francisco Dandão

Pode-se dizer que estava escrito nas estrelas que a hoje bióloga e mestranda em Produção Animal Verônica do Vale Severino, nascida em Rio Branco, no dia 11 de março de 1990, ocuparia um lugar no mundo do futebol. É que desde criança ela acompanhava o seu genitor, João Severino Filho, nos jogos do time amador do União Paraná, na estrada de Boca do Acre.

De acordo com ela, o interesse pela arbitragem começou na adolescência, observando as atuações dos escalados para apitar os jogos do referido União Paraná. Além disso, ainda segundo Verônica, o seu avô, João Severino, gostava de dirigir jogos amadores nas colônias e ramais acreanos. “Eu acho que isso ficou no meu inconsciente”, disse a assistente.

“Quando eu manifestei o desejo de entrar no mundo dos árbitros profissionais, recebi o maior apoio dos meus familiares. Eu acho que eles viram em mim uma espécie de seguidora dos passos do meu avô. Aí, primeiro eu me inscrevi numa clínica de arbitragem, em 2013. No ano seguinte fiz o curso oferecido pela Federação”, explicou Verônica Severino.

A assistente Verônica Severino no seu jogo de estreia no profissionalismo em 2015. Foto/Manoel Façanha.

No mesmo ano em que Verônica concluiu o curso de arbitragem, já surgiram as primeiras oportunidades, em campeonatos amadores. Uma espécie de prova de fogo para a “bandeirinha” iniciante, dadas as condições sem muita segurança dos campos periféricos. Daí para a primeira atuação num campeonato profissional, em abril de 2015, foi só um pequeno passo.

Em 2016, arbitragem e capitães posam para foto na final do sub-17. Da esquerda para a direita: Verônica Severino, Mamude, Carlos Ronne, Nesso e Raimundo Nonato. Foto/Manoel Façanha

A estreia e as fontes de inspiração

“Eu diria que tudo aconteceu de forma muito rápida na minha carreira de assistente de arbitragem. Menos de um ano depois da conclusão do curso de formação, eu já estreei numa partida de profissionais. Foi num jogo entre o Galvez e o Náuas”, falou Verônica, considerando ainda que a falta de críticas negativas sobre a sua atuação são indicadores de que ela foi bem.

No que diz respeito a figuras inspiradoras da sua atividade profissional, Verônica citou, em nível local, o assistente Rener Santos. E em nível nacional, ela disse admirar a catarinense Neuza Back, que foi a primeira mulher brasileira assistente a trabalhar num jogo masculino fora do país: Peñarol (Uruguai) e Velez Sarsfield (Argentina), em novembro de 2020.

O trio feminino formado por Roseane Amorim, Yane Veras e Verônica Severino foi o primeiro da história a dirigir uma partida de futebol profissional, em 2019. Foto/Manoel Façanha

Quanto à relação com os atletas masculinos, Verônica disse que até agora não se sentiu ofendida ou discriminada por nenhum deles. “Felizmente, não tive problemas com ninguém não. Tenho até que agradecer porque eu sou muito respeitada por todos. Claro que, de vez e quando, aparecem uns mais estressados, mas nada aterrorizante”, garantiu ela.

E prova desse respeito é que ninguém (nem dirigentes, emissários, empresários ou torcedores) jamais a procurou para propor algum tipo de “fabricação de resultado” ou de favorecimento a algum clube. Ela afirmou que isso nunca aconteceu como ela. “Esse é um constrangimento pelo qual eu nunca passei e que espero jamais passar”, falou Verônica Severino.

O trio feminino formado por Roseane Amorim, Yane Veras e Verônica Severino foi o primeiro da história a dirigir uma partida de futebol profissional, em 2019. Foto/Manoel Façanha

Cursos fora do estado e planos para o futuro

Em 2020, a assistente Verônica Severino durante jogo entre Galvez x Inter-RS pela Copa do Brasil Sub-20. Foto/Manoel Façanha

Verônica Severino ainda não foi escalada para atuar em partidas fora do Acre, mas ela se diz preparada para quando esse momento chegar. Enquanto espera esse dia, ela trata de se qualificar cada vez mais. Prova disso foram as participações nos cursos RAP Fifa, para mulheres, realizado em 2016, e PRAB, para homens e mulheres, em 2018, promovidos pela CBF.

Galvez x Inter-RS pela Copa do Brasil Sub-20. Da esquerda para a direita: Mário Jorge Júnior, Jackson Rodrigues e Verônica Severino. Foto/Manoel Façanha

Desses tempo todo de arbitragem profissional, Verônica destacou dois momentos marcantes: as atuações precisas na final do Campeonato Acreano de 2020, entre Atlético e Galvez, e no jogo da série D deste ano entre as mesmas equipes, quando ela e a parceira Roseane Amorim foram assistentes do árbitro Helder Brasileiro Aquino, oriundo do estado de Alagoas.

Em 2021, arbitragem e capitães posam para foto do Acreanão. Da esquerda para a direita: Fábio Nascimento, Diego, Fábio Santos, Felber e Verônica Severino. Foto/Manoel Façanha

“Essa final do campeonato de 2020, eu devo confessar que foi bem difícil. Eu comecei um pouco nervosa. Se tratava de um momento crucial. Era um título que estava em jogo. Qualquer erro poderia significar o prejuízo de um dos lados. Mas, à medida em que o tempo foi passando, os nervos foram ficando no lugar e tudo saiu a contento”, disse Verônica Severino.

Na Série D 2021, a assistente Verônica Severino acompanha lance na partida entre Galvez-AC e Ypiranga-AP. Foto/Manoel Façanha.

Conciliando a rotina de treinamentos e jogos com a vida familiar, Verônica falou que ainda pretende continuar muito tempo, e sempre galgando posições, no futebol. Ela afirmou querer conquistar um lugar nas divisões superiores do futebol brasileiro. Enquanto isso, fora dos estádios, ela quer cursar um doutorado tão logo conclua sua dissertação de mestrado.

Trio de arbitragem feminino em 2021. Da esquerda para a direita: Roseane Amorim, Yane Veras e Verônica Severino. Foto/Francisco Dandão

 

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