Escrever sobre bipolarização de um assunto seja econômico, político, religioso, esportivo, entre outros, não é uma tarefa nada fácil, pois sempre vai desagradar alguém. Mas vamos lá.
E como o assunto no meio esportivo é o retorno ou não do futebol durante a pandemia do covid-19, vejo com certa preocupação a possibilidade de antecipação do nosso futebol, principalmente nos estados periféricos, como é o nosso caso, apesar de nenhuma afirmação concreta da retomada das atividades por parte da federação local, essa, inclusive, garantindo que a bola só voltará a rolar com a anuência das autoridades sanitárias locais, assim alinhando o seu discurso com o do presidente Rogério Caboclo (CBF).
Nas últimas semanas, dirigentes de dois clubes cariocas (Flamengo e Vasco) foram alvos de críticas por quem defende a bandeira do isolamento social e a redução da curva epidemiológica para a retomada em segurança do futebol brasileiro, como é o caso dos dirigentes de Fluminense e do Botafogo.
A motivação para uma “forçada” de barra dos dirigentes rubro-negros e vascaínos está relacionada a questões financeiras. O Vasco, vivendo uma grande crise orçamentária, está de olho no dinheiro dos direitos de transmissões – a Rede Globo promete pagar imediatamente R$ 3,8 milhões no retorno da competição aos clubes. O Flamengo, mesmo não fechando acordo com a emissora carioca para transmissões de seus jogos, está de olho na reativação do pagamento de patrocinadores assim que o time retornar a campo.
O certo é que a mola propulsora da pressão para o retorno do futebol, principalmente nos grandes centros do país, está relacionada ao fator econômico. Somente a Rede Globo, segundo o colunista do OUL, Marcel Rizzo, os direitos de transmissões, que engloba TVs aberta e fechada e pay-per-view, pagará R$ 102 milhões aos participantes – R$ 54 milhões para ser dividido entre Fluminense, Vasco e Botafogo, e o restante para os demais participantes.
Portanto, se a responsabilidade para a sobrevivência econômica dos clubes é grande, a preservação das vidas dos profissionais envolvidos no futebol (jogadores, técnicos, preparadores físicos, dirigentes, médicos, árbitros, jornalistas, gandulas e tantos outros) é ainda maior. Ou não?