Vinte anos depois

Nessa quinta-feira que recém passou, 30 de junho, se completaram 20 anos desde que a seleção brasileira de futebol conquistou o pentacampeonato mundial, naquela Copa da Ásia, jogada na Coréia do Sul e no Japão. De lá pra cá, o time do Brasil amargou quatro participações meia boca no torneio.

Num hiato de tempo dessa dimensão, normalmente a gente esquece onde estava no momento do acontecimento. Mas eu lembro muito bem. Eu estava em casa, no Jardim Tropical III, em Rio Branco, capital do Acre. Assisti absolutamente sozinho aquela final, como eu sempre gosto de fazer.

Ao contrário da maioria das pessoas que curtem futebol, partidas importantes eu gosto mesmo de assistir sozinho. Isso porque rodeado de criaturas, quase sempre barulhentas, por algum provável desvio psicológico da minha parte, eu acabo me distraindo e não acompanhando como deveria.

E então, por conta daquele meu estado de concentração, eu lembro perfeitamente de alguns detalhes da final em questão. Nem falo dos gols, que esses tem sido mostrados à exaustão. Falo de determinadas expressões que eu vi na cara dos “chucrutes”, descendentes diretos do músico Richard Wagner.

Entre essas expressões que eu digo, a do goleiro Oliver Kahn não sai da minha memória. Foram dois gols do Ronaldo Fenômeno em cima daquele sujeito que era considerado uma verdadeira muralha, tido e havido como o carinha que ia parar o ataque brasileiro. Prognósticos totalmente falhos.

O tal Kahn, que foi escolhido o melhor jogador daquele mundial (que injustiça!), pra completar o papelão, ainda bateu roupa no primeiro gol do Fenômeno. Falha feia que eu só havia visto nas peladas no campo do São Francisco, na periferia de Rio Branco, em dia de tempestade daquelas brabas.

Como eu disse anteriormente, eu não gosto de assistir jogos decisivos rodeado de gente. Mas depois, uma vez consumada a vitória, aí eu costumo sair para comemorar. Foi o que eu fiz naquele domingo pela manhã. Aí, com umas doses de álcool na cabeça, o resto eu só lembro em poucos fragmentos.

Foi uma “mistureba” muito doida. Tão doida que eu mentiria se dissesse o que foi que eu tomei. O que eu também não esqueço é a dor de cabeça no fim do dia e na noite seguinte. O que me leva a -crer que eu tomei várias doses daquele uísque fabricado nos Estados Unidos do Palheiral!
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É por aí. A gente vive de reminiscências. Principalmente das boas reminiscências. E a memória é seletiva. Eu, por exemplo, não lembro de jeito nenhum que anos depois o Brasil pegou de sete a um deles. Isso eu faço questão de não lembrar. Pra mim, essa história é só mais uma lenda urbana!