Mário Carreon chegou a tomar a primeira dose da vacina contra o coronavírus. Foto/Francisco Dandão

Vítima de covid-19, morre o ex-meia Mário Carreon

MANOEL FAÇANHA

O ex-jogador Mário Carreon Cruz entrou para as estáticas de mais um futebolista acreano vítima do novo coronavírus. O ex-meia de 90 anos não resistiu à gravidade da doença e veio a óbito na noite de terça-feira (30) numa unidade hospitalar de Rio Branco.

Natural de Cobija-BOL, Mário Carreon chegou ao Acre em 1954. Segundo o cronista esportivo Francisco Dandão, o ex-atleta era uma das grandes promessas do futebol daquele país, cotado, inclusive, para a seleção nacional. No entanto, preferiu migrar para o Acre, a convite do Rio Branco e, posteriormente, jogou no Independência e Juventus. Já nos últimos anos de carreira fez parte do primeiro time juventino, campeão estadual de 1966. Carreon também fez parte de várias convocações para a seleção acreana.

Seleção Acreana – 1957. Em pé, da esquerda para a direita: Pedrito, Cidico, Boá, Antônio Leó, Mozarino, Zé Cláudio, Valdo, Adalberto Pereira e Tinoco. Agachados: Bararu, Carreon, Fued, Roberto Araújo, Touca, Hugo e Pedro Feitosa. Foto/Acervo Clóter Boaventura.

Em entrevista concedida para o “Futebol Acreano em Revista” durante jantar ocorrido em maio de 2015, segundo o Francisco Dandão, tinha a mesma convicção dos seus parceiros de época de que o futebol antigo era extremamente bem jogado. “Quando eu cheguei aqui havia muitos craques. Mas craques mesmo… Não estou exagerando. Touca, Cidico, Boá, Pedrito, jogadores refinados, de elite mesmo”, afirmou ele para o jornalista Francisco Dandão.

Juventus – 1966. Em pé, da esquerda para a direita: Tinoco, Pedro Louro, Carreon, Carlos Mendes, Campos Pereira, Zé Augusto e Antonio Anelli. Agachados: Escurinho, Nemetala, João Carneiro, Zé Melo e Elias. Foto/Acervo Manoel Façanha

Uma das grandes façanhas do Mário Carreon ocorreu quando ele integrou a seleção acreana de 1957 durante temporada ocorrida na cidade de Manaus-AM. Segundo ele, a sua participação naquela partida garantiu a vida dele no Brasil. Na época da entrevista, ele afirmou que antes daquele jogo fez uma visita ao governador para pedir um emprego, pelo fato de ter ciência que não dava pra viver só de bola. A conversa fluiu muito bem e o governador garantiu a ele que daria o emprego, mas com uma condição: se o selecionado acreano ganhasse do selecionado manauara. Carreon fez grandes partidas com a camisa do selecionado acreano, ajudando sua equipe a vencer três confrontos contra os manauaras e, na volta, ele foi empregado.

Da esquerda para a direita: Carreon, Fuzarca, Touca, Toniquim e Pedrito. Foto/Francisco Dandão.

Depoimento

Mário Carreon chegou a receber a primeira dose da vacina para imunização do novo coronavírus, segundo informou a filha Nancy Salvatierra, mas não resistiu a agressividade do vírus e faleceu.

Consternada com o falecimento do pai, Nancy Salvatierra fez o seguinte depoimento numa rede social: “É, meu pai, o senhor se foi. Fostes um guerreiro e lutou até as últimas forças contra esse maldito vírus, mas eu sei que o senhor está com Deus e parou de sofrer. Que Deus receba meu pai ao lado dele. O senhor sempre vai estar em nossos corações, meu pai”.