A carreira futebolística do zagueiro amazonense Cleiber Amaral nos gramados acreanos teve início no final dos anos de 1970. Acervo/Chicão Araújo.

Vítima de covid-19, morre o ex-zagueiro Cleiber Amaral

MANOEL FAÇANHA

O novo coronavírus continua desfalcando a seleção dos craques do passado do futebol acreano. O atacante Luís Rodomilson, o zagueiro Palheta e o goleiro José Augusto de Faria foram as três primeiras vítimas da doença entre aqueles que durante décadas fizeram a alegria da galera no lendário Stadium José de Melo. Nesta sexta-feira (11), o ex-zagueiro Cleiber dos Santos Amaral, de 69 anos, não resistiu a gravidade da doença e passou a fazer parte das estatísticas do vírus maléfico.

O ex-atleta tinha sofrido dia 9 de novembro um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e, após quase um mês internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Juliana, foi transferido para um dos apartamentos da unidade de saúde. Porém, o ex-zagueiro acabou infectado pelo novo coronavírus, não resistindo a gravidade da doença e indo a óbito nesta sexta-feira (11).

Carreira

A carreira futebolística do zagueiro amazonense Cleiber Amaral nos gramados acreanos teve início no meados dos anos de 1970, quando, após um convite tentador, fez as malas e deixou o Nacional, de Manaus-AM, para vestir a camisa do Rio Branco.

Zagueiro extremamente técnico, Cleiber fez história no Rio Branco, conquistando, inclusive, além do estadual de 1979, o título do Copão da Amazônia daquele mesmo ano, após vitória fora de casa contra o Ferroviário-RO por 1 a 0. Um ano depois, ele migrou para o arquirrival Juventus, juntamente com o veloz e inteligente atacante Nino, onde ajudaram o Juventus a conquistar o título de campeão acreano de 1980. Cleiber também fez parte da Seleção Acreana-1978 e, já bem experiente, com 34 anos, vestiu a camisa do Atlético Acreano na temporada de 1985.

Seleção da FAD – 1978 – Edson Ângelo (técnico), Ronivon (preparador físico), Ilzomar, Tadeu, Pintão, Cleiber, Paulinho Pontes, Mário Vieira, Deca, Pitico e Tião. Agachados: Nelson, Dadão, Irineu, Said, Duda, Carioca, Litro e Valdir. Acervo/Francisco Dandão
Rio Branco-AC – campeão do Copão da Amazônia – 1979. Em pé, da esquerda para a direita: Illimani, Paulo Roberto, Chicão, Mário Sales, Tião, Cleiber e Edmir Gadelha (dirigente). Agachados: Ely, Mário Vieira, Nino, Adalberto e Irineu. Foto/Acervo Francisco Dandão.

 

Juventus – 1980. Em pé, da esquerda para a direita: Cleiber, Carlinhos Bonamigo, Maurício, Emilson, Mauro e Xepa. Agachados: Cleber, Mariceudo, Antônio da Loteca, Paulinho e Tom. Foto/Acervo Francisco Dandão.
Atlético Acreano – 1985. Em pé, da esquerda para a direita: Cleiber, Hilton, Tinda, Cídio, Xepa e Ricardo. Agachados: Amarildo, Casquinha, Joãozinho, Álvaro Miguéis e Julinho. Foto/Acervo Júlio Figueiredo.

Depoimentos

O jornalista esportivo Francisco Dandão, profissional que conta a vida dos craques do passado nas páginas do Jornal Opinião e também no site “NA MARCA DA CAL”, lamentou a morte do ex-zagueiro, inclusive, comentando que já o havia convidado para o mesmo contar a sua trajetória nos gramados acreanos, mas o personagem sempre pedia pra esperar um pouco mais. Na opinião de Francisco Dandão, Cleiber foi um dos zagueiros mais clássicos com passagem pelo futebol acreano. “Ele jogava na bola. Desarmava o adversário e saía jogando limpo. Leal, não era de dar botinada. Poderia ter sido jogador de meio-campo, caso tivesse desejado”.

O atacante Ely, com a carreira futebolística construída somente no Rio Branco FC, isso na década de 1970 e nos primeiros anos de 1980, bastante emocionado, lamentou a perda do ex-companheiro de equipe. “O Cleiber era jogador extremamente clássico. Fez grande dupla de zaga com o Chicão, ambos com o manto do Rio Branco. Fora de campo era um ser humano sensacional e deixa um legado de amizade e ensinamento nos gramados”, disse Ely.

Após encerrar a carreira futebolística, Cleiber Amaral não abandonou por completo o futebol. Ora era visto treinando a base, ora observado como auxiliar técnico. Nesta nova função, ele fez dupla com o ex-árbitro e treinador José Ribamar Pinheiro de Almeida, também já falecido. Os dois fizeram parte da comissão técnica do Independência e do Atlético Acreano (1999-2002).

Família

O técnico estrelado Walter Amaral ficou abalado com a morte do pai, mas preferiu seguir com a delegação para o jogo em Teresina-PI. Foto/Manoel Façanha.

Cleiber era funcionário do Poder Judiciário do Estado do Acre, casado com dona Rosineide Souza Amaral e tinha dois filhos: Walter Amaral e Rafael Amaral, e ainda uma neta, Isadora Albuquerque Amaral.

O filho Walter Amaral não está na cidade. O profissional, hoje trabalhando como técnico do Rio Branco, está em viagem com o clube para a cidade de Teresina, no Piauí, onde neste domingo (13), às 16h, no estádio Albertão, o Estrelão entra em campo para encarar o River-PI, em jogo válido pela segunda fase do Campeonato Brasileiro da Série D.

Conforme o ge, a família não pode realizar o velório por causa da Covid-19, e o corpo do ex-jogador foi enterrado no cemitério Morada da Paz, na capital, na tarde desta sexta-feira.

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