Numa crônica anterior, escrevi sobre as figuras da “caça” e do “caçador” numa disputa futebolística. Me referi naquela oportunidade ao confronto entre os craques, aqueles que tratam a bola com toda a intimidade do mundo, e os jogadores “carniceiros”, os que maltratam a dita cuja.
O start que motivou o texto ao qual me refiro foi o jogo entre o uruguaio Nacional e o brasileiro Santos, pela Copa Libertadores da América, na primeira semana deste mês de maio. O Nacional, precisando desesperadamente da vitória, foi pra luta e levou a melhor por 1 a 0.
Seria apenas um jogo a mais na vida dos dois clubes se o veterano lateral Fucile, do time uruguaio, que levava um baile do jovem atacante brasileiro Rodrygo, não tivesse confessado, ao término do jogo, que precisou apelar para um pontapé pelas costas para tirar o santista de campo.
Mas a minha volta ao tema se dá porque eu lembrei de duas situações semelhantes envolvendo um jogador que “caça” e outro que é “caçado”, que aconteceram no futebol acreano nos anos mais antigos do passado. Duas situações que acabaram tendo enormes desdobramentos para os envolvidos.
A primeira situação aconteceu em 1971, num amistoso interestadual entre Juventus e São Cristóvão-RJ. O Juventus vencia por 1 a 0 (placar que perdurou até o final da partida), com gol de falta marcado pelo pequenino e driblador ponteiro esquerdo (ele originalmente jogava na direita) Nilson.
Acontece que, além do gol, o Nilson deitava e rolava em cima de um lateral-direito chamado Triel, defensor de maus bofes e muita pancadaria. Aí não deu outra: na primeira oportunidade, Triel foi direto no tornozelo do Nilson. A pancada foi tão violenta que o Nilson nunca mais foi o mesmo.
A segunda situação entre “caça” e “caçador” de enorme repercussão que aconteceu no futebol acreano e que emerge das minhas lembranças, aconteceu em 1976, numa partida pelo Copão da Amazônia, entre os times do Juventus e do Macapá, envolvendo os jogadores Dadão e Aldo.
Dadão, recentemente falecido, era um jogador de talento acima da média. Era preciso impedi-lo de jogar. Naquele jogo, o jovem Aldo foi incumbido de executar a ingrata missão. Como era impossível marcar o Dadão, Aldo tratou de tirá-lo de campo com uma cotovelada no rosto.
O árbitro Ronaldo Brito não viu o lance e nem falta foi marcada. Dadão foi à forra, agredindo um jogador do Macapá. Aí o árbitro viu e o expulsou. A torcida se revoltou e quis “pegar” os visitantes. Não teve mais jogo e a delegação do Macapá optou por abandonar a competição. Cruel!