Manoel Façanha, dublê de jornalista esportivo e sindicalista, meu afilhado dileto, é quem me mantém informado dos bastidores do futebol acreano. Desde que eu amarrei a minha cachorrinha magra na capital do Ceará, quatro anos atrás, é pelo dito cujo que eu fico sabendo das coisas.
E assim foi que um dia desses, por conta dessa nossa parceria, eu recebi uma fotografia do Façanha fazendo um lanche na companhia do mago Marcello Altino (já devidamente defenestrado do comando técnico do São Francisco) numa birosca do acolhedor mercado municipal de Rio Branco.
Na imagem, como é de praxe em fotos posadas, duas criaturas sorridentes, olhando diretamente para a câmera, como se estivessem olhando para mim, destinatário da correspondência. O Façanha de vermelho, como convém a um sindicalista, e o Marcello de preto, como convém a um mago.
Pela cor da roupa do mago, aliás, eu deduzi logo que a tal foto havia sido feita num dia de sexta-feira. Faz mais de 20 anos que o Marcello Altino se veste de preto todas as sextas-feiras. Desde 1997, quando o Rio Branco foi campeão da Copa Norte, batendo o Remo, em pleno Mangueirão!
De acordo com o que o mago me falou numa entrevista que eu fiz com ele, em 2017, o preto é a cor que absorve todas as energias e, dessa forma, nada melhor do que se vestir assim dos pés à cabeça (inclusive a cueca) em dias que antecedem os finais de semana. Uma explicação bem plausível.
Só achei estranho o detalhe de que na fotografia o mago aparece segurando um copo de um líquido que o Façanha me falou ser de guaraná em pó diluído em catuaba. Fiquei pensando que era muita energia para uma criatura só. Mas vá lá que seja: um olho no cravo e outro na ferradura!
Crenças e providências à parte, porém, o que eu quero dizer mesmo nesse papo furado de hoje é que do encontro desses dois personagens do futebol acreano ficou esclarecido o motivo pelo qual o mago passou recentemente como um cometa pelo comando técnico do São Francisco.
Conforme o Façanha me falou, não foi fácil arrancar do mago as razões para a demissão dele depois de apenas uma partida. Mas após três ou quatro copas da beberagem referida anteriormente neste texto, ele acabou abrindo o jogo: a impossibilidade de treinar o time em dias de chuva.
Segundo Marcello Altino, a direção do São Chico não permite usar o campo quando chove, sob a alegação de que o gramado será destruído. E aí, como nessa época do ano chove num dia e no outro também, o time jamais treinaria. No fim, o mago ironizou: “Eles acham que estão em Wembley!”