É um engano dizer que cronista esportivo não tem um time da sua preferência, aquele pelo qual o coração bate mais forte quando entra em campo e pelo qual sofre na derrota. O cronista não costuma confessar por qual time torce para que as suas análises não sejam consideradas suspeitas.
Eu, por exemplo, sou juventino no Acre desde criança. Dois motivos, provavelmente, me fizeram ser torcedor do Juventus. Primeiro que eu estudava no Colégio dos Padres, em 1967, local onde clube foi fundado, um ano antes. E segundo porque o rubro-negro da águia já nasceu vencedor.
E além de nascer vencedor, o time toda a vida formou grandes esquadrões, sempre levando para o Ninho da Águia ótimos jogadores, tanto quem já jogava no estado quanto oriundos de outras paragens. Era sempre um prazer, principalmente na época do amadorismo, ver o Juventus jogar.
Vou lembrando, enquanto cometo essas mal traçadas, o nome de alguns jogadores de outras paragens que o Juventus trouxe para suas fileiras. Casos do paraense Julião, do amapaense Antônio da Loteca, do rondoniense Neórico, dos cariocas Siqueira, Niltinho e Guga… e sei lá quantos mais.
E sem falar, mas já falando, da proposta de “criar craque em casa”, praticada desde os primeiros anos de fundação. Aí a lista se estenderia por linhas infinitas. Cito alguns, lembrados igualmente enquanto escrevo: Antônio Júlio, Sabino, Antônio Maria, Mauro, Normando, Paulinho etc.
Para o meu desgosto, porém, há muito tempo que o Juventus não entra em campo, nem com jogadores oriundos, nem com craques nativos. Por conta de decisões equivocadas de alguns dos seus dirigentes, ao longo da história, o clube entrou numa espiral descendente, quase um poço sem fundo.
E assim, pela ausência do meu clube do coração nas competições oficiais, eu agora torço para que em cada partida saiam muitos gols, tanto faz se para um lado ou muito pelo contrário. Gol é a essência do futebol, e quando o time da gente não está em campo, que qualquer um goleie o outro.
Nesse sentido (embora eu não me encontre de corpo presente no Florestão, acompanho tudo à distância), o campeonato acreano deste ano não tem me deixado muito satisfeito, devido à baixa quantidade de gols até aqui (escrevo na sexta-feira, 15 de março, e pode ser que no sábado tudo mude).
Veja-se que em dez partidas foram marcados somente 17 gols (né isso, Façanha?). Média de menos de dois gols por jogo. E ainda teve três zero a zero. Tem coisa mais chata do um jogo zero a zero? Os artilheiros estão em modo econômico. Ou é isso ou é a chuva que está dando uma de zagueirão!